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sábado, 18 de abril de 2015

Carta do acaso.

No meio fio da calçada, por pouco dentro do bueiro, uma carta. Estranho, no envelope o remetente assina como Sofia; sem endereço e nem CEP; o destinatário chama-se Lucius D'avila, o endereço é conhecido, de repente a curiosidade foi tamanha que abri. 
Nas primeiras linhas as preocupações de Sofia, talvez seja apenas um pseudônimo, não importa,  ela desabafa sua dor de estar distante do seu homem; muito tempo que não se falam, ainda assim, a vontade de estar junto a ele é enorme. Ela o descreve com singeleza e amor, diz tudo o que sente, e o que chama atenção é a diferença entre os dois. Percebe-se nas descrições o quanto ele é direto, incisivo e com um instinto selvagem ao amar, ela se derrete com isso, num trecho fica evidenciado; "[...] Quando você me toma pela cintura e poe meu corpo colado ao seu fico sem ação, queria poder dizer não, mas sua sedução é convincente de mais, sei que irá me amar com a paixão como de um casa nova... Sussurro pedidos de socorro, quero ter o controle, mas você, detentor da arte de amar me conduz como numa dança complexa [...]". Neste momento pude imaginar a cena, isso me fez sentir arrepios! Ela continua: "[...] todos os dias te espero à frente da Floricultura Taj Mahal na esperança de poder vê-lo, mesmo que a distância, isso acalmaria meu coração... Sei que erramos ao nos entregarmos a um amor proibido, você havia me alertado, tinha medo de nos apaixonar, que tolice a minha em achar que você exagerava, olha como estau agora... Sinto raiva de mim, talvez se conseguisse disfarçar o que sinto estaríamos juntos. Não, não, não,  a quem quero enganar? Nós nos amamos! Você se declarou, ah quando me lembro da sua voz rouca dizendo "Eu te amo", que é louco por mim, minha fé aumenta [...]" 
Ela diz viverem um amor proibido, mas na verdade é profano, sendo os dois casados e ainda assim atribuir a fé por essa paixão é coisa de insanos. Perturbo a cabeça com pensamentos do que ser certo ou errado, virtude e pecado; essa paixão tão clichê de cinemas, vividos por meros mortais. Onde estive que jamais vivera tamanha sensação? Sigo em frente, atravesso a rua e avisto a tal Floricultura; sinto minhas pernas estremecerem, mais parece uma vertigem, mal consigo chegar a um Café. Depois de alguns minutos recupero os sentidos, peço uma bebida e sigo viajando no imaginário daquela carta "[...] Lucius suas mãos grandes, fortes e firmes a me acariciar, enquanto sua boca carnuda me dizendo safadezas ao tempo que me beijas, e seu corpo robusto a me espremer, arranca de mim coragem de viver tudo, sem preconceito, medos e vergonha eu me dôo a você. Solto meus cabelos para que se enrosquem neles, me viro do avesso para te ter [...]" Neste momento consigo imaginar o homem que arrebatou Sofia de paixão, senti uma inveja, vontade de ser eu ela, e que a mesma fosse eu... Ao fim da carta ela confirma querer continuar esse amor clandestino, sem isso era como viver estando morta, tudo agora é cinza, nada tem sabor, os perfumes não surpreendem, e pior, não vê mias beleza em si mesma, portanto, espera ansiosa por uma resposta, e tem que ser até hoje às 18 horas. Olho o relógio da torre da igreja eis que marca 17:45, sem pensar em nada corro até a Floricultura e avisto uma linda mulher, corpo cheio de curvas, sinuoso para um homem sem experiências, cabelos em trança, roupas bem discreta, da para se ver que é uma senhora requintada. Logo passa-se das 18 horas, ela triste vira-se devagar e vai embora, eu fico ali, penalizada por sua dor sinto uma lagrima que cai, num gesto infantil esfrego meus olhos na intenção de fingir ter sido um cisco, quando me viro para seguir caminho na minha triste e velha rotina, trombo num homem derrubando tudo que ele carregava nas mãos. Imediatamente me agacho para ajuda-lo a recolher seus pertences qual é meu espanto, era ele, Lucius, disse bem baixinho, logo ele pergunta o que havia dito, disfarço que era um pedido de desculpa, não demorou nada começamos conversar:
_Meu nome é Lucius, e o seu?
_Ângela... Quase minha voz não saiu. Só conseguia me ver vivendo as fantasias de Sofia, não da forma dela, mas dos desejos da minha.
Logo marcamos um café, percebi que seus olhos buscavam minha intimidade, fui esperta, indiquei outro lugar mais fácil para nos encontrarmos, não podia correr o risco de cruzar com sua amante amada, agora seria eu seu troféu. Nos despedimos, voltei para meu caminho, estando próximo onde encontrei a carta fiz o que o destino queria ter feito, joguei-a dentro do bueiro.  



Desfragmento Papiro séc. XXI n. 13
(Beatriz CC Galvão) 
  

terça-feira, 14 de abril de 2015

Macarronada de domingo


As segundas são massantes, mal conseguimos abrir os olhos pela manhã, dar os primeiros passos para ganhar a rua e cumprir com a rotina diária requer um esforço sobre-humano.  Voltando para casa já pensando no que irá jantar, deseja desesperadamente dormir. Corre direto para o banho e toma aquela ducha, a fome aperta, e na pressa de deitar faz qualquer coisa, engole tudo e empurra com um suco. Consegue se deitar às 23h para dormir, ah dormir... Presente dos deuses. Esperando a bendita terça-feira logo vem a pergunta: _Por que a segunda feira é assim tão ruim?

Pensando, pensando, pensando, pimba! A culpa é do domingo! Este dia tão esperado por todos aqueles que tem uma rotina semanal repleta de obrigações a fazer, é o dia do descanso do guerreiro. Sem obrigação do carrasco despertador, acordar depois das 10h é a maior recompensa, ficar de pijama então, nossa, que maravilha! Essa alegria dura pouco. logo chega um parente aqui, outro ali, uns trazem amigo, este que você se quer tem intimidade, adeus pijama. De repente um inventa de fazer churrasco, e no meio dos parentes sempre tem uma que se mete a besta de bancar a gourmet e corre para a cozinha; macarronada, arroz à grega, salada de maionese, e haja fome. Enquanto isso, os homens arrecadando um tanto de cada um para comprarem a cerveja, liquido precioso estampado com seu belo dourado é vip de todos, nessa hora o churras corre solto. O som alto se mistura a varias conversas paralelas, não se consegue entender nada; da cozinha, uma fofoca básica sobre aquela que nunca lava um prato, só fica sentada em volta da churrasqueira enchendo o bucho e mostrando o rabo. 

O almoço se estendeu até às 20h, todos já se foram, você fica sozinho guardando tudo no lugar, cheirando fumaça, segue vagarosamente até o banho, quando vai se deitar sente os pés formigarem, suas pernas estão pesadas e as panturrilhas doloridas, pouco mais da 23h consegue finalmente pegar no sono. Segunda de manhã o carrasco de despertador te joga da cama, na boca um gosto de guarda-chuva, os olhos colados te faz dar topadas provocando a xingar, e a coluna queimando você começa a entender; a macarronada não caiu bem, no próximo domingo não irá mais comer. 


Desfragmento Papiro séc. XXI n. 12
(Beatriz CC Galvão) 

 

Sussurros... Meus

Vem... Deixa-me tocá-lo... Quero sentir teu cheiro...
Meus pelos se arrepiam... Sinto um calafrio que me estremesse... Pedi.
Não tenha medo, não farei nenhum mal...
Passe tuas mãos em mim... Quero escorregar em teu corpo... 
Abraça-me! Sinta-me!
Meus sussurros serão forma de dizer... Que... Prazer... Dar... Amor... A... Você...

Desfragmento Papiro séc. XXI n. 11
(Beatriz CC Galvão)





"_É questão de opinião". _Não, não é!!


Não há problema alguma em ser diferente, muito pelo contrario, ruim é deixar de ser o que se é na busca de um normal a qual ninguém é capacitado em afirmar que normalidade esta deve ser. Não seja um papagaio de pirata, repetindo ou confirmando tudo o que ouve só para se sentir incluído em sociedade. Não responda: "_É questão de opinião" sem saber dizer o que te fez crer naquilo que disse, isso serve tanto para criticas construtivas ou não. Assim, para que tenhas razão no que diz basta seguir estes quatro requisitos: Ouça mais, observe  atentamente, leia pausadamente, escreva com zelo, para quando for sua hora de falar e todos aplicarem um dos quatro requisitos em tudo que dissestes, ainda que não concordarem com suas ideias, o respeitará. Desta forma, quando forem te criticar terão cuidado, pois será nítido que não é só mais um igual a um monte cheio de medo de raciocinar. 

Desfragmento Papiro séc. XXI n. 10
(Beatriz CC Galvão)